21 de julho de 2008

Diários

Eu sempre lhes chamei cadernos de apontamentos e desabafos.
Sempre os tive, porque sempre me exprimi escrevendo. Mas nunca fui assídua, sempre dei saltos de meses nesses cadernos.
Mas pronto, são uma espécie de diários e tropecei em dois. Ambos com muito poucas páginas preenchidas. Um de 2004, outro mais recente de 2005 e 2006.
Passei, por curiosidade, por algumas páginas. Todas elas com um traço geral bem marcado. Estava triste, procurava um sentido para a minha vida, queria dar a volta às coisas.
Ao ler as minhas próprias palavras, não que fosse novidade, a solidão e a tristeza eram inequívocas.
Bem ou mal, tomei a decisão de destruir essas páginas. O que tinha de marcar, marcou no coração e na memória. Não preciso de testemunhos físicos. Mais uma porta que fecho e que deito a chave fora. Por nada andaria para trás no tempo. Por nada nem por ninguém!
Um rito de passagem.
Porque parecem pertencer a outra vida. E, de facto, pertencem.
O que sou hoje e como me sinto não consigo descrever ainda. Nunca me senti tão feliz, nunca tive tanta noção de como me sinto em paz e sintonia, em como é possível fazer planos. É algo que me ultrapassa. Se existem almas gémeas, então encontrei a minha.
Não tenho qualquer dúvida.
Tomei outra decisão. Manter algumas páginas apenas, e retomar os meus apontamentos num deles. Faz sentido. Faz-me até falta. E vou divindo os meus pensamentos entre o blog e o bloco.
Do blog cheguei a apagar posts depois de muito tempo publicados. Mas vou deixar de o fazer. Aqui pairam alguns dos piores e dos melhores momentos da minha vida.
Por aqui passam amigos e estranhos. Por aqui passo de vez em quando.
Pedaços de papel que deixam de fazer sentido quando tudo o que representavam afinal não era assim tão importante ou relevante. A importância somos nós que damos.
Eu vivo para o presente, agora.
Continuo à procura de ser única e importante para quem mais quero do meu lado.
E continuo à espera que, como eu, façam a limpeza necessária e deitem fora o que não tem mais importância. Faz bem, muito bem, acreditem.

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