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20 de janeiro de 2010

Sobre o Haiti


Após a tragédia no Haiti, embora não surpreendentemente, não deixa de ser interessante verificar o tipo de reacções das pessoas.

Ao contrário de mim, poucas das pessoas que conheço se emocionam com as imagens e histórias relatadas. Estranho.

Ao contrário de mim, muitas têm a muito portuguesa reacção de achar que os negros são assim, não são bons em nada, logo não têm meios para lidar com uma catástrofe destas.

Ao contrário de mim, poucas se dão ao trabalho de enviar um mero SMS ou fazer uma chamada par a ajudar. Acham que não vale a pena. Nem quero saber o motivo de acharem que não vale a pena, apesar de ter as minhas muito fundamentadas desconfianças.
Só espero que nunca precisem de ajuda.

Como eu, poucas pessoas conhecem a história daquela ilha, partilhada com a República Dominicana. E esta tragédia fez-me ter o pretexto par procurar saber mais sobre esta ilha, principalmente sobre o povo Haitiano.

Não gosto do tipo de jornalismo que algumas estações, nacionais e internacionais (nomeadamente brasileiras) fazem deste tipo de tragédia. Espetarem microfones nos buracos para ouvir sobreviventes por resgatar, depois de empurrarem socorristas para lá chegar... enfim.
Mas sou de acordo que o problema que decorre desta situação seja amplamente noticiado, denunciado até. É mesmo para entrar bruscamente nas nossas vidas.


Este é um dos países mais pobres do mundo.
Grande parte da capital Pot-au-Prince foi destruída pelo sismo, e as réplicas continuam uma semana depois, fortíssimas. A última foi hoje e ultrapassou os 6 na escala de Richter.

Há violência, sim. Dentro do desespero de não ter casa, água e comida, há obviamente os que se aproveitam do caos para ter mais valias sob os restantes, para fazer negócio. A água está a ser vendida a 7 dólares o garrafão. 7 dólares... para um povo que ganha, em média, menos de €1 por dia (isto antes da tragédia).

Há, ainda, quem critique que ajudemos este povo, e outros.
Há quem diga que não dá ajuda a ninguém, eles que se desenrasquem.

Eu tento manter a minha humanidade e sentido de identidade com o ser humano, para além de fronteiras, cor, credos....
Eu continuo a acreditar que por pouco que ajudemos, faremos diferença. Já foram resgatadas mais de 120 pessoas com vida, porque foi enviada ajuda.
Sim, são 120 vidas em milhares de mortos. Mas são vidas. Cada uma que se salve é uma vitória. Cada vida tem valor.
Não compreendo, e espero nunca mudar, que ainda há quem julgue os outros como inferiores. Como que as suas vidas valham menos que de qualquer um de nós.

Recuso-me, assim, a ficar calada com determinadas afirmações, que aliás fazem com total à vontade para quem quiser ouvir.

Tivesse eu condições de abandonar provisoriamente o meu país, e iria par lá ajudar voluntariamente.

Alguns dados:

  • População: cerca de 8 milhões
  • Densidade populacional: 292 hab/km2
  • Esperança de vida: 60,9 anos
  • Alfabetização: 54,8%
  • Religião:
católicos 64%
protestantes 23,6%
vodou haitiano 5%
sem filiação 5%
outras 2,4%

  • Política: república presidencialista


No dia 12 de Janeiro um sismo de magnitude de 7.
Número de mortos: aproximadamente 75 mil.
Afectados pelo sismo: mais de 3 milhões.


Facto: portugueses transferiram já mais de 600 mil euros para a ajuda no haiti.

Ao contrário de muitos, alguns de nós continuam afinados com o valor da vida humana. Há esperança.