15 de outubro de 2012

Estranha-se sempre

Mudar de casa. 

Desta vez, mais do que isso. Mudar de casa, mudar de concelho.

Estranha-se, claro. Em termos de casa, em si, estranhei mais há 10 anos quando saí de casa dos pais para viver sozinha, e estava a 2min a pé de distância. 

Com 36 e segunda mudança na história, desta vez nem estranhei a casa. A sério que não, até pensei estranhar. Mas estranho ainda um pouco a vizinhança. Esta rua ainda não parece minha, nem a estação da CP, nem os comboios. 

Deixei de ver as caras conhecidas. Do bairro, até nos transportes. 

Hei-de fazer novas memórias aqui, claro. Mas ainda estranho. Os cafés onde ia, onde comprava pão, as lojas que conhecia de cor. Tudo desapareceu no dia-a-dia. Claro que lá vou aos fins de semana ver os pais, mas é diferente. 

Portanto,  não estranhei tanto como pensava estranhar, mas estranha-se sempre. 

Ainda não vi, por exemplo, um vizinho do prédio. Tirando um muito rapidamente no piso das garagens. Suspeito ter vizinho do lado, mas não tenho a certeza.

Vejo o mar todos os dias, o que é algo simplesmente fantástico, mas já não posso receber uma chamada da minha mãe a perguntar se estou em casa, porque está a passar lá à porta a caminho da dela. 

Se mudei para melhor? Sem dúvida. Aliás, mudámos. 

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