16 de maio de 2010

Nem sempre paro diante da figura que me observa cada vez que passo na sala.

Acabei por habituar-me à sua presença silenciosa.


É uma companhia constante, não interventiva, subtil, mas que sei que ali está.

Mesmo não parando ou olhando para aquele canto especial da sala, sinto por vezes como que o olhar me seguisse.


Se calhar deveria parar mais vezes. Se calhar deveria enfrentar com naturalidade que ali está. Está porque quis. Tem o seu espaço.


Como não preciso de olhar para sentir, nem para lembrar, nem tão pouco para sorrir ou chorar na lembrança, o parar parece, no entanto, continuar a não ser mandatório.


Não há obrigação de culto, nenhum ritual deve envolver os sentimentos, sejam eles quais forem.


Continuará presente, sempre disponível para o meu olhar, e fazê-lo sem pensar muito no assunto é o melhor a fazer.


É o meu coração que pára alguns segundos quando recordo, não preciso de parar literalmente em frente à figura que nunca deixa de me observar.


Assim é o efeito de uma fotografia pendurada na parede. Um misto de tristeza e alegria, de lembrança e tributo.

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