30 de abril de 2009

Tento recompor-me.
Sinto vários tipos de dor pela manhã.
A física, que teima em ser constante, pulsante. Que me provoca zumbidos nos ouvidos, desequilíbrio, dor de cabeça insuportável. E os fármacos apenas atenuam temporariamente a dor.
Sinto depois daquelas dores que não são mais que o reconhecimento da condição humana.
Lidar com os nossos defeitos é bem mais difícil que lidar com os dos outros.
É sempre a questão do espelho, recorrente por este sítio.
Tento recompor-me.
Para que por fora não se note assim tanto que durmo pouco, que ambas as dores me tiram dezenas de horas de sono por semana.
Não apetece perder tempo com o cabelo. Enrolo-o, longo, numa pequena bola e fica algo oriental. Serve. Qualquer coisa que não me faça perder tempo. Fica assim.
Visto-me e calço um dos pares de sapatos com saltos bem altos. Dói-me o pé, que também vai ser uma chatice após a operação em breve, mas não é motivo que impeça usar saltos. Até porque ando melhor assim.
Um toque de vaidade neste corpo que não reconheço como meu, que parece distante do que sinto e sou.
Quero conseguir sair desta nebulagem e gostaria muito que quem me rodeia tivesse a capacidade de fazer o mesmo consigo.
Ninguém é perfeito. E o pior que pode fazer-se é não aceitar uma crítica, não ver em si o que está errado e querer mudar.
Quem não muda e avança tem pela frente uma vida de problemas. Uma vida em que quem nos vê como se fossemos transparentes não aceita esses erros.
Eu sou das que vê as pessoas transparentes. Que chatice!
Vejo as outras e vejo-me a mim.... sem descanso, sem tréguas, sem latitude.
Tento recompor-me.
Sento-me ao computador escrevendo umas palavras, exorcizando-as na tentativa de ajudar-me.
Não revejo o texto. Sai como sai. Deixo as pontas dos dedos percorrer o teclado como se por elas saísse esta energia negativa.
Tento recompor-me. Ponto.
Não tenho grande sucesso, mas consigo reunir as energias que consigo, todas e mais algumas serão bem vindas, para conseguir levantar-me e encarar mais um dia.

29 de abril de 2009

Mad World

Originalmente dos Tears for Fears, deixo-vos aqui a versão do Gary Jules. Devem conhecer do filme Donnie Darko e de um anúncio recente da GALP.





Lyrics | Gary Jules lyrics - Mad World lyrics

28 de abril de 2009

Estou a trabalhar sobre a auto-confiança. A minha.

Apesar de muitos só conhecerem a minha faceta de força, persistência, frontalidade, resistência, a verdade é que tenho grandes quebras de auto-estima. A minha auto-confiança desaparece e sempre que o faz deixa-me bastante confusa.
Enfim, seria um post muito longo se fosse descrever aqui e agora esta minha parte mais fraca.
Assumo-a, sem problemas, faz parte do trabalho de a impulsionar e recuperar, mas vou poupar-vos a isso (amiga, não?).

Entre exercícios e acompanhamento psicológico, há chavões que, apesar de serem chavões que todos conhecemos e por isso lhes chamarmos chavões, são bem verdadeiros, simples e práticos. E nestas fases em que nos sentimos uma bela merda (pronto, estava a correr bem até aqui), passam de chavões para estaladões na tromba. Sim, por isso mesmo, sabemos que é assim, sabemos que é por aí que temos de caminhar, mas por alguma razão ficamos presos em desilusões, em episódios que nos magoaram, enfim, seja qual for o motivo que nos agarra e puxa para baixo. E como não serei a única a precisar, de vez em quando, de levar uns chapadões de verdade mais do que óbvia para arrebitar e abrir a pestana, deixo-vos alguns aqui.

"As pessoas confiantes contam os seus êxitos e não os fracassos.
Esquecem-se do passado e concentram-se no presente e, claro, no
futuro. Cada palavra e acção é iluminada pela luz do optimismo"

Cá está algo que me falta a maioria das vezes desde que me lembro ser gente: optimismo.

"A sorte sorri aos audazes."

Duh, certo?


Não sou nova no tema, mas parece que quanto mais sabemos mais custa viver.
A parte da auto-análise é dura, o olhar no espelho nunca é fácil nestes assuntos, mas a ideia é após umas semanas começar a ser superior a tudo e todos que me empurram para baixo, e incluo-me na lista.

25 de abril de 2009

Hoje, 25 de Abril

Parece cliché, mas assinalar o 25 de Abril parece, também, ser cada vez mais necessário.
E devem reparar que sempre que se aproxima esta data se ouvem e lêem das mais absurdas barbaridades.
São tantas que nem consigo ordená-las e pronunciar-me.
Apenas deve ficar dentro dessas cabecinhas que o Sr. Salazar não era, não foi, um "bom homem".
A vida não era melhor.
Cada vez que alguém o diz e, ainda por cima, já é de uma geração que deveria estar devidamente informada, custa-me. Mas contra a ignorância apenas podemos ir escrevendo umas coisas e, mais importante ainda, dizendo outras tantas a todas as oportunidades possíveis.
Deixar os energúmenos dizerem barbaridades é dar-lhes poder.

25 de Abril sempre, sim! Mesmo que a nossa democracia tenha muito para melhor, mesmo que ainda não seja um país decente, sejamos nós mais decentes e façamos nós por isso em vez de apenas reclamarmos.

15 de abril de 2009

Miguel Esteves Cardoso - 2009-03-08

" Só quando os homens chegam a uma certa idade é que podem dizer com certeza que as mulheres são melhores do que eles em tudo - mesmo na bola, a carregar pianos, a lutar com jacarés ou nas outras coisas em que ganhávamos quando éramos mais novos e brutos e fortes.


Quando se é adolescente, desconfia-se que elas são melhores. Nos vintes, fica-se com a certeza. Nos trintas, aprende-se a disfarçar. Nos quarentas, ganha-se juízo e desiste-se. Nos cinquentas, começa-se a dar graças a Deus que seja assim. Os homens que discordam são os que não foram capazes de aprender com as mulheres (por exemplo, a serem homenzinhos), por medo ou vaidade ou estupidez. Geralmente as três coisas.


Desde pequenino, habituei-me que havia sempre pelo menos uma mulher melhor do que eu. Começou logo com a minha linda e maravilhosa mãe, cuja superioridade - que condescendia, por amor, em esconder de vez em quando - tem vindo a revelar-se cada vez mais. As mulheres são melhores e estão fartas de sabê-lo. Mas, como os gatos, sabem que ganham em esconder a superioridade. Os desgraçados dos cães, tal como os homens, são tão inseguros e sedentos de aprovação que se deixam treinar. Resultado: fartam-se de trabalhar e de fazer figuras tristes, nas casas e nas caças e nos circos. Os gatos, sendo muito mais inteligentes, acrobatas e jeitosos, sabem muito bem que o exibicionismo vão levar à escravatura vil.


Isto não é conversa de engate. É até um tira-tesões. Mas é a verdade. E é bonita."



10 de abril de 2009

33
já cá cantam!


(Re-editado)

E foi assim registado por um telemóvel...
(pois, ninguém se deu ao trabalho de levar uma máquina fotográfica, por que será?)