17 de março de 2008

A minha cadela está muito mal. Basicamente, não anda, não come.
Tem uma infecção brutal e pode ter de ser operada amanhã de urgência.
Pode ter um de vários problemas, um deles sem solução, que é insuficiência renal. Em Portugal não existe nada semelhante a hemodiálise para cães. Se for uma infecção uterina será imediatamente operada. Pode ainda ser relacionado com o tumor que tem na bexiga, mas as análises e os sintomas não indicam para isso.

Já passei por várias situações difíceis com ela. Vários sustos. Mas nunca a vi tão mal.
Sinto uma impotência dolorosa, ao não poder tomar as suas dores, nem sempre entender o que ela quer dizer com o olhar. Um olhar triste, de dor, sem brilho.

Tem de ser carregada numa manta, tipo cama de rede, até ao elevador da minha casa, porque mal anda e recusa-se a subir escadas.
Tais não serão as dores que sente e não nos consegue exprimir.
Vê-la parar no meio da rua porque já não aguenta dar nem mais um passo...
Saber que está em sofrimento e eu não conseguir fazer nada sem ser dar-lhe carinho, é sufocante.

Não fui capaz de conter as lágrimas na clínica, nem na rua, nem agora.
Eu amo tanto esta cadela, esta companheira ímpar, esta amiga que faz parte da minha família há quase 11 anos.

Amanhã vamos saber exactamente que infecção é esta. E de todos os cenários, a infecção uterina seria a mais rápida de combater via mais uma cirurgia. Mesmo assim, se é esse o problema, corre o risco do útero infectado rebentar antes da cirurgia.

Muita gente não percebe estes sentimentos em relação a um animal de estimação. Mas para mim é mais do que isso. É um membro da família, dos que gostamos muito. Uma amiga. Não é apenas uma cadela. É um ser especial, que faz parte de mim. Por quem gostaria de ficar, pelo menos, com metade das dores para a ver melhor. Se pudesse, não duvidem que o faria.

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