2 de outubro de 2006

Voz do Cidadão - RTP - 30 de Setembro

O que senti ao assistir ao programa foi incredulidade. Eu não queria acreditar que o programa acabara de ser tão pouco imparcial, tão pouco rigoroso nas informações transmitidas, tão pouco fiel às estatísticas, sendo que foi claramente prejudicada a voz das pessoas, telespectadores do canal e cidadãos deste país, que se manifestam contra qualquer acto violento proferido contra quaisquer animais, neste caso mais concretamente, contra os touros bravos.

Para além de ter sido transmitida a ideia de que quem se manifesta são jovens radicais e pouco conhecedores do assunto ( o que não corresponde de todo à verdade ), o programa levou o assunto para o quadro da legalidade, o que confunde quem assistiu ao mesmo. Em momento algum, pelo que é do meu conhecimento, a RTP foi acusada de não cumprir a lei ao transmitir eventos tauromáticos. O que pessoas como eu pedem ao país e à RTP, é que reflictam acima de tudo sobre o país que somos, os valores que representamos e que humanidade pretendemos ser e desenvolver, através dos programas transmitidos de forma massificada e especialmente no canal público, com responsabilidades acrescidas na informação e formação dos seus destinatários no caso em questão.

O que se pretende é que se verifique se, em pleno século XXI, ainda faça sentido que nos permitamos a nós próprios infligir dor a um animal de forma gratuita, pelo espectáculo, sob a falsa pretensão de tradições e mesmo, de forma absolutamente errónea, ainda passando a ideia de que o animal em causa é dignificado pelo combate ( extremamente injusto e desigual convém sublinhar ).

O que se pretende é que, sem quaisquer radicalismos, se sensibilize todos os envolvidos de forma a, pelo menos, considerem ouvir quem não gosta de ver um animal ser agredido e humilhado, pois estes actos para além de ferir o próprio animal, ferem-nos como seres humanos, como seres que têm pela sua condição social e intelectual, capacidade para tomar decisões, para analisar o mundo que nos rodeia, para ter opinião própria e agir em conformidade.

O que se pretendia ver no programa, era uma análise justa, imparcial e acima de tudo séria a esta temática. Não considero que isso tenha acontecido. Fiquei desiludida como telespectadora e como defensora desta causa em concreto.

Não consigo deixar de sentir que os lobbies funcionaram em pleno na construção do programa.

Como actual telespectadora e cidadã que reserva o seu direito de ver, no mínimo, imparcialidade na discussão dos assuntos levados a este programa, sendo que se intitula Voz do Cidadão, apresento assim o meu descontentamento e sentimento dessa voz não ter sido devidamente respeitada e consequentemente tratada perante o grande público.
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Isto é praticamente a mensagem integral que enviei ao provedor do telespectador da RTP.