24 de março de 2006

" se eu não posso ser/ter, o outro também não!"

Num país normal, ser bairrista seria gostar e defender o nosso bairro. Ou seja, seria algo positivo, dada a falta que há em Portugal de cultura associativista. Seria mesmo um sinal de preocupação social, cívica, etc. Mas, ser a favor do que é nosso, parece antes e mais do que tudo ser contra o que é dos outros. Isto de querer mais a infelicidade dos outros do que a nossa felicidade ultrapassa-me.
A mesma coisa como gostar de um clube desportivo, ser de um clube é gostar desse clube. Não é, ou não deveria ser, ser contra todos os outros. Isto é, mesmo ganhando contra o maior rival, devemos ficar ( mais ) contentes com a vitória do nosso clube, não com a derrota do outro. E mais ainda, neste país à beira mar plantado, mesmo que não joguemos com o nosso rival, ficamos sempre muito contentes quando perde. Vá-se lá perceber...
É como a inveja. Em vez de ficarmos com inveja de outra pessoa ter sido bem sucedida em alguma coisa, devemos antes pensar no que podemos fazer para alcançar nós próprios o sucesso, seja em que aspecto da vida for.
Mas em Portugal, continuamos a ser mesquinhos, invejosos, a gostar de apontar o dedo ( e não é ao espelho, isso seria até muito bom ).
Enquanto um país fizer do futebol e das tricas os seus assuntos dominantes de conversa, não iremos de facto muito longe. As coisas têm a importância que lhes atribuímos, e se para nós o futebol continua a ser o que mais tempo ocupa nas nossas mentes no dia a dia, algo vai de facto muito mal por aqui. E não venham dizer que é conversa de café apenas, que é normal. Seria normal falar de futebol, de tricas mas de outras coisas também. O que está mal é que raramente passa destes dois temas.